Agentes participam de treinamento sobre o ‘barbeiro’, vetor da Doença de Chagas

11 de dezembro de 2017

Agentes participam de treinamento sobre o ‘barbeiro’, vetor da Doença de Chagas

Cidade não tem registros de casos

Bertioga é uma das duas cidades da Baixada Santista escolhidas pela Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN) para iniciar um projeto piloto na região: o Programa de Chagas. O treinamento será ministrado pela coordenadoria de Informação, Educação e Comunicação (IEC) do Programa Municipal de Combate às Arboviroses. Mesmo Bertioga não apresentando registros da Doença de Chagas, os profissionais aprenderão sobre o vetor e forma de captura, com o objetivo de levantar a positividade do ‘besouro barbeiro’.

“Os agentes comunitários aprenderão sobre o besouro e sua forma de captura, para transmitir as informações à população. Como eles trabalham no bairro onde moram e visitam os munícipes, são um elo direto para implementar o programa. Se algum for encontrado, por exemplo, deve ser levado à Unidade Básica de Saúde mais próxima”, explica Elizângela Maria Penha, coordenadora do IEC no Município.

O período de revoada do barbeiro é entre os meses de novembro e fevereiro. Bertioga foi escolhida para integrar as atividades por causa da fauna e geografia do Município. A intenção da Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN) é levantar a positividade e diversidade de espécies do besouro. As áreas cobertas pelos agentes compreenderão as chamadas ‘áreas rurais’ da Cidade: partindo da Rio-Santos, nos bairros Caiubura, Sítio São João, Jardim Vicente de Carvalho, Albatroz, Rio da Praia, Chácaras, Boracéia e Guaratuba.

Ao todo, 65 profissionais serão treinados. Já passaram pelas atividades 15 agentes de combate a endemias. Até a segunda quinzena de dezembro, mais 50 passarão pelo curso, entre agentes comunitários de saúde e enfermeiros chefes de Unidades Básicas de Saúde.

A doença

A Doença de Chagas (ou Tripanossomíase Americana) é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Apresenta uma fase aguda que pode ser identificada ou não (doença de Chagas aguda – DCA) e tendência à evolução para as formas crônicas, caso não seja tratada precocemente com medicamento específico.

Superada a fase aguda, aproximadamente 60% – 70% dos infectados evoluirão para uma forma indeterminada, sem nenhuma manifestação clínica da doença de Chagas. O restante, entre 30 % a 40 %, desenvolverá formas clínicas crônicas, divididas em três tipos de acordo com as complicações apresentadas: cardíaca, digestiva ou mista (com complicações cardíacas e digestivas).

Os vetores são os triatomíneos (família Reduviidae), insetos hematófagos popularmente conhecidos como barbeiros ou bicudos. Qualquer mamífero pode albergar o parasito, enquanto aves e répteis são refratários à infecção. Os principais reservatórios no ciclo silvestre são gambás, tatus, cães, gatos, ratos, etc. No ciclo doméstico, em função da proximidade das habitações do homem com o ambiente silvestre, os reservatórios são seres humanos e mamíferos domésticos ou sinantrópicos como cães, gatos, ratos e porcos.

Em função de ações de controle de vetores a partir da década de 1970, em 2006 o Brasil recebeu Certificação Internacional pela Interrupção da Transmissão de Doença de Chagas pelo Triatoma infestans, espécie importada e responsável pela maior parte da transmissão vetorial no passado. Estima-se que existam aproximadamente 12 milhões de portadores da doença crônica nas Américas, cerca de dois a três milhões no Brasil.